(Ilustração: Blog do Rovai) |
Aécio é oco. Ele não tem
propostas e nem conteúdo. É um candidato embrulhado no marketing e em respostas prontas.
O debate no SBT foi ruim para os dois candidatos. O que deixa issoclaro
é a mudança de postura de ambos no debate que acaba de se encerrar na
Record. Os candidatos tiveram uma postura menos agressiva e mais
prudente. Aécio, alvíssaras, conseguiu passar um debate sem xingar uma
mulher de mentirosa ou leviana. Logo ele que tinha se especializado
nisso.
Os momentos mais meméticos foram quando Aécio perguntou sobre saúde a Dilma e ela lhe tascou a condenação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais por não investir
o mínimo exigido por lei na área quando era governador e leu o parecer
de um procurador condenando o mau uso dos recursos. No trecho lido por
Dilma, o procurador criticava o fato de o governo de Aécio ter
contabilizado gastos com vacina para cavalo nas despesas do SUS.
Aécio tentou puxar a Petrobras de novo
para o centro das discussões e novamente colocou o nome do tesoureiro
do PT na roda. Dilma soube se relacionar bem com a questão e comparou a
empresa nos governos dela e de Lula e nos dois de FHC. E lembrou que os
tucanos venderam 30% da Petrobras a preço de banana na bolsa. E que
ainda tentaram mudar seu nome para Petrobrax.
Como o debate foi mais ameno, houve necessidade de se discutir questões como segurança pública, educação, infraestrutura entre outros
pontos. Nesses momentos de confronto programático, foi um baile. Aécio
só soube responder que queria discutir o futuro e que não se deveria
ficar olhando o país pelo retrovisor. A resposta pronta foi utilizada
para tudo. Em contraponto, a petista apontou programas que realizou,
comparou-os com os dos governos tucanos e desafiou Aécio a esclarecer
posições.
Em relação aos bancos públicos, por exemplo, Dilma deu uma aula sobre
qual o papel do BNDES, da Caixa e do BB. E disse o que significa acabar
com qualquer um deles ou mesmo reduzi-los em seus papéis. Já Aécio
tentou desmentir que aquele que escolheu para ser ministro da Fazenda,
Armínio Fraga, tenha dito o que disse.
Em outro momento onde se debateu programa de governo, Dilma disse que
os tucanos desmontaram as escolas técnicas no Brasil e proibiram o
governo federal de atuar na área. Aécio, como em vários outras
situações, disse que o Pronatec não era uma criação dos petistas, mas da
gestão dele em Minas e de Alckmin, em São Paulo. Para isso Dilma
apresentou dados simples. Nos governos Lula foram criadas mais de 200
escolas. No dela, mais de 200 escolas. Totalizando quase 450. E no de
FHC, 8.
A tática de Aécio é quase diversionista. Ele joga como um daqueles
atacantes catimbeiros. Que provoca os zagueiros, enfia o dedo no olho,
passa a mão na bunda, entre outras coisitas mais. E nessas situações, às
vezes se dá bem. Por exemplo, quando consegue tirar o adversário do
sério. Nos dois debates anteriores xingou Dilma de mentirosa,
prevaricadora e leviana. Hoje, ele não podia fazer isso. Nas pesquisas
qualitativas, sua rejeição aumentou muito. Principalmente por conta
desse comportamento agressivo. E aí, Aécio se deu mal.
Ele só sabe jogar
desse jeito. Se for no mano a mano com Dilma, mesmo ela não tendo o dom
do debate, vai perder. Por um único motivo, Aécio é oco. Ele não tem
propostas e nem conteúdo.
É um candidato embrulhado no marketing e em respostas prontas. No eu
não sou mais o candidato de um partido. Eu olho para o futuro. Eu quero
falar de governança. Eu vou reestatizar a Petrobras. Enfim, um monte de
chavões escritos pelos seus roteiristas.
O debate de hoje dificilmente vai tirar alguém do jogo
até o debate da Globo. É lá que a eleição pode se decidir. Não só lá.
Também nos dias que se seguirão, quando a mesma TV Globo terá todo o
tempo do mundo pra tentar influir no resultado deste pleito.
De qualquer forma, será uma eleição de detalhes. Engana-se quem pensa
que alguém poderá abrir grande vantagem. O PT tem sua imensa militância
que acordou até em São Paulo nos últimos dias. Mesmo nos bairros nobres
da cidade já se pode ver muitos adesivos de Dilma nos carros. E os
tucanos têm a mídia, seu verdadeiro partido. Aliás, Aécio poderia ter
sido mais honesto no debate de hoje e ter dito. “Eu não sou mais o
candidato de um partido. Até porque nunca fui. Sou o candidato da
mídia.” Se falasse isso, sua despedida final seria honesta.
O debate no SBT foi ruim para os dois candidatos. O que deixa isso
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