terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Jacob Gorender e o caráter da ditadura militar de 1964-1985, por Mário Maestri


Por Mário Maestri
Jacob Gorender testemunhou, de forma interessada e participante, as décadas que separaram a deposição de Getúlio Vargas, em 1945, e o golpe militar, em 31 de março de 1964. A singularidade de sua reflexão se deve à importância que deu à sua formação teórica, potenciada por inteligência e memória admiráveis
 
Gorender escreveu para o grande público, ao mesmo tempo que fazia o balanço dentro da esquerda
Foto: Acervo FPA
Combate nas Trevas – A Esquerda Brasileira: das Ilusões Perdidas à Luta Armada, de Jacob Gorender, foi lançado em 1987, pela Editora Ática, dois anos após a entrega da Presidência pelo último ditador. Compreende-se seu enorme sucesso. Pela primeira vez realizavam-se uma interpretação estrutural sintética do golpe militar de 1964 e, o que era totalmente novo, uma apresentação orgânica do surgimento e da agonia das organizações armadas de esquerda até a resistência derradeira no Araguaia, em 1974.

O livro conheceu diversas reimpressões e uma edição revisada e atualizada, em 1998. A seguir, assim como seu trabalho maior, o clássico O Escravismo Colonial, deixou de ser oferecido pela editora que detinha os direitos de publicação, objeto de compras sucessivas por grandes grupos nacionais e mundiais. Os dois clássicos, então, passaram a ser oferecidos por sebos como espécies de raridade bibliográfica, a preços especulativos.

Em 2011, a Fundação Perseu Abramo (FPA) disponibilizou O Escravismo Colonial em primorosa edição, saudada com alegria pelo autor, que, debilitado, já se despedia de sua longa e produtiva vida. Jacob Gorender faleceria dois anos mais tarde, aos 90 anos. No contexto do transcurso do cinquentenário do golpe de 1964, a FPA e a Editora Expressão Popular apresentaram mais do que oportuna reimpressão da quinta edição de 1998 de Combate nas Trevas. Pequenos hiatos de revisão, de índice etc. não comprometem essa meritória iniciativa.
A usura do tempo

Sobretudo na historiografia, os livros tendem em geral a envelhecer, ao igual que seus autores. Novos pesquisadores, a partir de novas fontes, novas questões e nova bibliografia, retomam velhos temas para perscrutá-los em forma mais acabada. Aqui e ali, em uma espécie de analogia do assassinato freudiano do pai pelo filho, jeunes loups da historiografia apresentam suas novas leituras e interpretações sem sequer se referir aos autores em que se apoiaram.

Passadas praticamente três décadas da publicação, Combate nas Trevas segue como trabalho incontornável. Seu caráter referencial, porém, deslocou-se fortemente da pioneira e valiosa reconstituição do nascimento e da morte das organizações armadas no Brasil e de suas origens político-ideológicas – questões enriquecidas nos últimos tempos por novos trabalhos biográficos, historiográficos, memorialistas etc. Cresceu seu valor, ao contrário, como interpretação das raízes, trajetórias e sentidos do regime ditatorial, temas abordados pelo autor quase como um pano de fundo necessário à apresentação do tema central do livro – ou seja, a resistência armada à ditadura militar. De certo modo, a biografia de Jacob Gorender já circunscrevia o caráter singular e polifacetado de sua interpretação sobre o golpe militar de 1964.

Uma vida pela revolução

Filho de operário judeu ucraniano marxista que aportou na Bahia após a derrota da Revolução de 1905, Jacob Gorender cresceu nos bairros humildes de Salvador, ingressando em célula universitária comunista quando do Estado Novo, em 1943. Integrou a FEB como voluntário (1943-1945), abandonou o curso de Direito, transformou-se em militante profissional. Galgou postos de crescente responsabilidade no PCB, até romper com a organização para fundar, a seguir, em abril de 1968, o PCBR.

Jacob Gorender testemunhou, de forma interessada e participante, as décadas que separaram a deposição de Getúlio Vargas, em 1945, e o golpe militar, em 31 de março de 1964. Entretanto, o valor de seu depoimento não se deve apenas a ter assistido sobretudo aos momentos conclusivos daqueles sucessos do posto de observação privilegiado que constituía a direção do PCB, organização de esquerda enraizada em todo o Brasil. O mesmo ocorreu com muitos de seus mais próximos camaradas, como Mário Alves, Apolônio de Carvalho, Carlos Marighella, Manoel Jover Telles, entre outros.

A singularidade desse homem de corpo franzino e reflexão arguta foi a importância que deu à sua formação teórica, potenciada por inteligência e memória admiráveis. Repetindo a proposta trajetória da gênese do marxismo, estudou sistematicamente a filosofia clássica, a economia política e a historiografia, quando possível, nos textos originais, já que dominava o alemão, o inglês, o iídiche, o francês, o italiano, o espanhol, o russo. Uma formação engessada e castrada por longos anos pela redução stalinista do marxismo, como ele próprio reconheceria.

Uma visão global

As dificuldades postas pelo questionamento de Caio Prado Júnior às interpretações do PCB stalinista sobre o Brasil e, após 1964, a compreensão de que o rompimento com o pacifismo e o colaboracionismo de classe não seriam superados apenas pela mera opção armada levaram Jacob Gorender a empreender uma longa pesquisa sobre as raízes e desenvolvimento da formação social brasileira.

Sua investigação encontrava-se em pleno progresso quando foi preso, em 20 de janeiro de 1970, e prosseguiu na prisão, onde apresentou pela primeira vez sua visão de uma formação escravista – e não feudal ou capitalista –, de forma estruturada, a companheiros de cela, em longo curso sobre a história do Brasil. Essa reflexão seria concluída após a libertação, em 1971, quando redigiu e publicou a erudita tese O Escravismo Colonial e os livros e ensaios que se seguiriam.

Nessa obra, o autor discorre sobre a economia política do modo de produção escravista colonial, visto como historicamente novo, em relação ao escravismo antigo e define as leis tendenciais do modo de produção dominante, quando da antiga formação social brasileira, base singular da transição no país em direção à produção capitalista. O trabalho apresenta igualmente uma crítica sistemática das grandes interpretações da sociedade brasileira.

Publicado em 1979, quando da “abertura”, O Escravismo Colonial despertou enorme interesse nos acadêmicos e total estranheza na militância de esquerda que pouco compreendeu seu sentido e raramente o leu. Em 1981, Jacob Gorender estenderia sinteticamente a interpretação da gênese do capitalismo no Brasil até os anos finais da ditadura em A Burguesia Brasileira, editado até hoje. Em 1980, publicara conferência sobre a “Gênese e desenvolvimento do capitalismo no campo brasileiro”.

Combate nas Trevas
  
O objetivo assinalado de Combate nas Trevas era abordar o mergulho da esquerda brasileira na luta armada. Tratava-se, porém, de leitura que procurava explicar politicamente aquele fenômeno, em superação substancial de apresentação meramente genealógica do surgimento e dissolução das organizações armadas, sobretudo a partir do esfarelamento do PCB, da Polop, do nacionalismo pequeno-burguês radicalizado.

Os capítulos iniciais do livro abordam os anos – e os grandes protagonistas da esquerda – que precederam o golpe militar de 1964, retomando comumente questões desenvolvidas nos trabalhos anteriores. A seguir, associa-se a descrição da gênese e agonia das organizações armadas, cegas ou indiferentes em sua ação à retomada da expansão econômica, à discussão das razões que levaram uma enorme parcela da esquerda a optar pelo militarismo.

Privilegiando o eixo São Paulo-Rio de Janeiro, coração daqueles embates, o relato é entremeado de referências às experiências do autor, sem cair jamais no biografismo. Em entrevista dada em 9 de outubro de 1987, em Milão, quando o livro era lançado no Brasil, Gorender foi enfático: “O grande protagonista do ensaio é a esquerda. Não se trata de um trabalho memorialista. Apenas uns 15% referem-se a depoimentos pessoais do autor. E, nessas passagens, me documentei e não me apoiei apenas em minha memória”.

O livro constitui igualmente, como veremos, avaliação autocrítica sobretudo da esquerda pecebista que, influenciada pelo avanço mundial da luta de classes e golpeada pela derrota inglória do colaboracionismo e etapismo em 31 de março, lançou-se à luta armada incondicional pelo poder. Ao contrário do que se tornaria corrente, porém, o balanço não rejeitava a disputa armada pelo poder, abraçando tardiamente o que o autor definiria como democratismo pequeno-burguês. Criticava, isso sim, o momento em que a opção armada se deu.

Ousar lutar, ousar vencer
Na visão de Jacob Gorender, não se devia ter combatido militarmente a ditadura e a ordem burguesa após a derrota de 1964. Na entrevista de outubro de 1987, propõe: “O milagre econômico e o isolamento do movimento de massas tornavam impossível uma vitória”. Para ele, ao contrário, se deveria ter lutado, de armas em punho, em março de 1964, quando, como precisou, haveria “possibilidade de vitória”. Lembrava igualmente não ser  “verdade que a CGT e os sindicatos não tivessem força”.

Trata-se de uma avaliação que parte de clara opção pela revolução socialista e apoia-se na análise da realidade a partir de categorias do marxismo revolucionário em geral totalmente estranhas aos estudiosos atuais daqueles sucessos. Segundo propõe o autor, o Brasil vivera, nos anos 1960, “período pré-revolucionário” que desembocara em “situação revolucionária”. Ou seja, o advento de situação social em que oprimidos e opressores se defrontavam, de forma mais ou menos consciente, em disputa direta e inevitável pelo poder.

Essa proposta fulcral tem levado autores contemporâneos a apresentar indevidamente Gorender como defensor, de esquerda, da tese, de direita, das duas conspirações golpistas “antidemocráticas” – a da direita e a da esquerda, a dos militares e a de João Goulart! (Gaspari: 2002, 51.) Nada mais incorreto. O pensador marxista apenas constatava que, naquele momento, para além dos sucessos singulares – assembleia dos sargentos no Automóvel Clube, Comício da Central do Brasil etc. –, cuja importância a historiografia neofactualista habitualmente extrapola, defrontavam-se inevitavelmente a contrarrevolução das classes burguesas e a revolução das classes trabalhadoras e populares.

Sem deixar de lado o papel dos protagonistas excelentes – João Goulart, Francisco Julião, Leonel Brizola, Miguel Arraes, Prestes, entre outros –, Gorender procura descrever e definir categorialmente as razões profundas do devir e desenlace dos sucessos em questão, jamais preestabelecidos, já que, para ele, a vitória dos grandes proprietários foi permitida pelo abandono da luta pelas classes subalternizadas. “Defendo (em Combate nas Trevas) que a derrota de 64 deve-se ao fato de o Partidão ter entregado a chefia do movimento a Jango” – explicaria de forma sintética, na entrevista de outubro de 1987.

Uma démarche analítica que lhe permite definir o sentido elementar do 31 de março de 1964, superando, avant les faits, as polêmicas posteriores sobre o caráter do golpe e da ditadura – militar, cívico-militar, primeiro cívico-militar e depois apenas militar etc. (Melo: 2014, 95 et seq.). Nesse sentido, retoma a tradição de interpretação dos fenômenos a partir das tendências profundas dos processos sociais, econômicos, políticos, no contexto da luta de classes, no mesmo sentido de analistas como R.A. Dreifuss, Caio Prado Júnior, Emília Viotti da Costa, Octavio Ianni, Moniz Bandeira, entre outros.

Nem civil, nem militar, burguês

Para Jacob Gorender, em um sentido estrutural, o golpe materializou a ruptura final da “associação íntima entre trabalhismo e projeto de industrialização”, apoiado no capital e no mercado internos – aliança desenvolvida no contexto da hegemonia político-ideológica do populismo que garantira à burguesia brasileira, “em elevado grau, o consenso da classe operária para a construção da nação burguesa”. Um populismo, segundo o autor, fortemente autoritário durante o Estado Novo, dialeticamente minado pelo impulso que a industrialização encetou no peso e na autonomia tendencial dos trabalhadores. A direção do PCB, em geral, e Luís Carlos Prestes, em especial, teriam sido em grande parte responsáveis pela frustração da tomada de consciência dos trabalhadores, ao atrelá-los às propostas de colaboração de classe e de revolução por etapas, antes e após o golpe.

Fortalecidos desde a Greve dos 300 mil, de março-abril de 1953, e pela derrota do golpe em 1961, os trabalhadores teriam conhecido nos anos pré-golpe o momento de maior força na história do Brasil. No contexto da crise recessiva de 1962-1965, registro da maturidade capitalista do país, o golpe respondera às necessidades profundas da burguesia de abandonar as instituições democrático-burguesas e o populismo pelo controle coercitivo extremado dos trabalhadores.

Para tal, a burguesia renunciou à administração direta do país, concedendo aos militares privilégios corporativistas. Esse rompimento, lembra o autor, iniciara-se quando do defenestramento de Getúlio Vargas, em 1945, reapresentou-se na tentativa putschista de Jânio e na impugnação da Presidência de Jango, em 1961. Tratava-se de uma tendência, portanto, de sentido profundo e estrutural que se expressou através dos sucessos conjunturais.

Em defesa do passado

No processo de oposição ao oficialismo pecebista, Jacob Gorender empreendeu radical movimento de autossuperação político-ideológica que lhe permitiu romper com o stalinismo e com as propostas etapistas e pacifistas da revolução – orientação tornada política pecebista oficial após a Declaração de Março de 1958, da qual ele fora um dos principais redatores! Nesse processo, manteve, inevitavelmente, laços com o passado que rejeitou – fenômeno certamente facilitado pela maré contrarrevolucionária que se abateria sobre o Brasil, após 1964, e permanece até hoje, superado o avanço do movimento social de fins da década de 1970.

Combate nas Trevas destaca-se e valoriza-se igualmente como arrazoado final da defesa tardia da ação política da “esquerda pecebista”, sobretudo nos anos anteriores ao golpe, uma orientação que se expressou através de militantes comunistas de destaque derrotados na luta com a equipe prestista pelo controle da direção do PCB – Câmara Ferreira, Mario Alves, Apolônio de Carvalho, Manoel Jover Telles, Jacob Gorender, entre outros. Esse fracasso levou parte daqueles militantes a fundar o PCBR, de curta vida, ou a abandonar totalmente a tradição organizacional leninista, ao lançar a ALN.

Jacob Gorender critica o colaboracionismo, o reboquismo e o etapismo pecebista. Entretanto, valoriza o programa de aliança com a direção populista-burguesa, ou seja, a luta pelas “reformas de base”, que teria garantido o avanço popular e o crescimento do PCB nos anos 1960. Não explica por que os trabalhadores se encontraram, em 1964, em todos os sentidos, desarmados, ao seguirem aquele programa, mas reconhece que a esquerda pecebista, da qual fazia parte, propunha às vésperas do golpe maior radicalização, sem qualquer superar essencial da aliança colaboracionista.

Uma questão nacional

O autor desanca igualmente a cópia dos modelos exteriores, ou seja, a obediência à direção da URSS. Mas critica duramente a Polop e a “estreiteza obreirista do trotskismo” pela incapacidade de “se expressar com habilidade na política concreta”. Entretanto, Polop e trotskistas defendiam o programa socialista e a autonomia operária que propõe como grandes déficits da ação do PCB antes do golpe.

Em Combate nas Trevas, praticamente não se aborda a influência, nos anos 1960 e 1970, no Brasil, da luta de classes mundial, à exceção do destaque dado ao surgimento dos grupos armados à sombra do prestígio e do apoio da direção cubana e, um pouco, da influência da China. É como como se, também no Brasil, a revolução fosse questão de um só país! Os graves hiatos políticos do PCB são apresentados como ilusões, enganos, erros: “(…) o PCB se iludiu (sic) pela aparente concórdia internacional reinante no breve lapso entre a derrota do eixo nazifascista e a deflagração da Guerra Fria”.

O colaboracionismo, o pacifismo, o etapismo pecebista são compreendidos como questões essencialmente nacionais, jamais interpretadas a partir de suas raízes políticas, ideológicas e sociais. Aqueles “desvios” não são integrados à história do movimento comunista internacional. Fica difícil ao leitor contemporâneo compreender ações realizadas no contexto do avanço internacional da luta de classes, hoje, após décadas de descenso, literalmente incompreensíveis. De certo modo, para Jacob Gorender, nesse e em outros trabalhos, a esquerda organizada surge de interpretação subjetiva, intelectual, das classes trabalhadoras. Não se trata, portanto, do resultado da objetivação teórica e prática, em uma organização, das necessidades dos oprimidos.

Discussão necessária
Combate nas Trevas constitui estudo historiográfico singular das derrotas da esquerda e das classes populares, em 1964, quando teria havido possibilidade de vitória, e em 1967-1973, quando a vanguarda se lançou incondicionalmente ao assalto ao poder, sem possibilidade objetiva de vitória. Sintetizando sua visão, Gorender propunha em sua entrevista de outubro de 1987: “O milagre econômico e o isolamento do movimento de massas tornavam impossível uma vitória”. Subjacente à reconstituição sintética e seletiva dos fatos, o livro comporta uma tentativa de balanço político das duas derrotas, desde a ótica dos oprimidos e da revolução, para armar e preparar uma eventual vitória, ainda que distante.

Na forma e no conteúdo, trata-se de reflexão radicalmente oposta às autocríticas biográficas ou analíticas de ex-militantes, que já pipocavam e se multiplicariam nos anos seguintes. Esses trabalhos se debruçavam sobre aqueles sucessos para anatematizar ou desqualificar o próprio direito à luta das classes oprimidas – jamais houvera possibilidade de vitória, o projeto da esquerda era igualmente totalitário etc. – e serviram de passaporte para a melhor inserção possível na política institucional, no mundo acadêmico etc.

Jacob Gorender começou a preparar Combate nas Trevas, ou seja, contribuição à “história da esquerda brasileira” no “pós-64”, imediatamente após a anistia, em 1979. Sempre em condições materiais relativamente precárias, sem nenhum financiamento ou ajuda, passou a concentrar suas atividades no livro em meados de 1985.
Considerava o trabalho um “dever (até doloroso) e um desafio”, que não pretendia “subestimar”, e já previa o caráter “revisionista” de “teses em preparo nos meios acadêmicos”.

O autor empreendeu seu trabalho segundo o rigor das normas e métodos da ciência historiográfica, mas jamais o considerou como “reflexão acadêmica”. Escreveu para o grande público, visando igualmente ao balanço necessário a dar-se no seio da esquerda marxista. Compreendia-o como parte do debate que paradoxalmente se deu de forma muito limitada, sobretudo devido ao enorme refluxo que se abateu sobre as classes populares, no Brasil e no mundo, em especial após a vitória da contrarrevolução neoliberal nos anos 1990.

Esse refluxo ensejou, pelo mundo, enorme enfraquecimento dos laços orgânicos e políticos da esquerda organizada com a classe trabalhadora, uma das características da história brasileira passada e presente, empobrecendo-a substancialmente. A reapresentação de Combate nas Trevas constitui, nesse sentido, importante contribuição à historiografia e à reflexão essencial sobre aqueles sucessos, para melhor compreensão dos dias que vivemos.

Bibliografia     

GASPARI, E. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p.51.

GORENDER, Jacob. O Escravismo Colonial. São Paulo: Ática, 1978; São Paulo: Perseu Abramo, 2011, 6ª edição.

GORENDER, Jacob. A Burguesia Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1981.

GORENDER, Jacob. Cartas a Mário Maestri, São Paulo, 18/3/1985, 10/9/1985 e 29/11/1985.

GORENDER, Jacob. Gênese e Desenvolvimento do Capitalismo no Campo Brasileiro. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987.

MAESTRI, Mário. “Combate nas Trevas, de Jacob Gorender, há anos esgotado, é reeditado”. Correio da Cidadania, 11 de julho de 2014. (Reprodução de entrevista de Jacob Gorender, em Milão, em 9 de outubro de 1987, publicada no Diário do Sul, de Porto Alegre, em 9 de outubro de 1987.)

MAESTRI, Mário. “O escravismo colonial: a revolução copernicana de Jacob Gorender”. Revista Espaço Acadêmico, nº 35 e 36, abril e maio de 2004.

MELO, Damian B. de. “O caráter de classe do golpe de 1964 e a historiografia”. SILVA, Carla L. et al. Ditaduras e Democracias: Estudos sobre Poder, Hegemonia e Regimes Políticos no Brasil (1945-2014). Porto Alegre: FCM, 2014. pp. 89-108.
  

Mário Maestri é doutor em História pela UCL, Bélgica, e professor do Programa de Pós-Graduação de História da Universidade de Passo Fundo (RS).  Contato: maestri@via-rs.net

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